Refugiado sírio conta como salvou sua mãe da guerra, mas a perdeu para a Covid-19 no Brasil
O refugiado sírio Abdulbaset Jarour, 30 anos, foi motorista de um general do Exército de Bashar al-Assad na Síria, em 2012, depois de ter sido convocado para servir o regime. Mesmo tendo estudado Administração de Empresas, o serviço militar obrigatório não o poupou da violência do conflito entre rebeldes, soldados de Assad e o grupo extremista Estado Islâmico. Refugiado no Brasil, ele conseguiu trazer de Aleppo, em 2018, sua mãe, Khadouj Makzum, para uma nova vida em São Paulo. No entanto, ela faleceu aos 55 anos nesta quarta-feira (13), após ter contraído o novo coronavírus.
"Maktub", "está escrito", diz emocionado o refugiado sírio Abdulbaset Jarour. "Tudo tem a sua hora", explica, referindo-se à morte da mãe, que faleceu em decorrência da Covid-19 no Hospital das Clínicas (SP). "Na minha religião [muçulmana], acreditamos que o destino já está escrito e que todos já têm sua hora para morrer”, conta.
“Me deixaram vê-la no caixão fechado, só dava para ver a cabeça. Gritei, chorei. Pedi perdão, me sinto culpado. Já estava traumatizado", diz o sírio, morador do bairro da Lapa, onde recebeu, em dezembro de 2018, sua mãe e sua irmã mais nova, que fugiam da guerra na "cidade-mártir" de Aleppo, após a diáspora dos outros cinco irmãos para países como Líbano, Canadá, Turquia e Alemanha.
Refugiado sírio conta como salvou sua mãe da guerra, mas a perdeu para a Covid-19 no Brasil
Reviewed by Arthur Aguiar
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10:52:00
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